terça-feira, 18 de abril de 2023

uma viagenzinha

eu li e minha chefe confirmou: escrever é mágico. não tenho tanta certeza, mas sei que tenho vontades súbitas de escrever, às vezes. começam a me aparecer frases, fragmentos, eu vou anotando as ideias nos cantos dos cadernos, na folha sulfite rabiscada, mando pra mim mesma no meu grupo no whatsapp e escrevo nos azulejos da cozinha o que me aparece. costurar tudo isso já é um outro processo, um pouco mais complicado, eu resisto mais, inclusive. as coisas que me vêm são tão pessoais... até tenho vontade de compartilhar com o mundo, mas aí penso mais um pouco e chego à conclusão de que me expor demais e me colocar tão vulnerável pode ser um erro. será? sei lá.

vou fazer 32 anos em breve - daqui duas semanas e meia, acho que sempre que faço aniversário a crise bate, mas nesse tá batendo por mil motivos: sensações nunca experimentadas (porém olhadas), 3 anos sem férias (mas daqui 2 dias tiro finalmente), a saúde um tanto fragilizada, uma possível cirurgia, histórias que gostaria de esquecer que ainda estão em aberto. 

eu sei que li a melhor definição de coragem um dia desses: coragem é não ter medo de sentir medo. essa é a melhor definição que já li. tô indo, mesmo com medo, enfrentando o que precisa ser enfrentado. gostaria de não precisar, mas é preciso encarar, é preciso olhar pro medo. em dois anos e meio de análise descobri um bocado de coisas sobre mim, e desconheço outro bocado (talvez a gente nunca descubra tudo, pq segundo a minha psico, nós mudamos o tempo todo, estamos em movimento com o mundo), mas tenho sido um pouco mais gentil comigo, quero ser mais, inclusive. vejo as pessoas olhando com tanta gentileza pra mim, eu olho as pessoas com tanta gentileza também, pq essa criticidade comigo mesma? a moça que fez aula de tricô comigo esse mês, me viu em 6 aulas e repetiu mais de 1 vez que eu era uma mulher tão livre e ela comentava como me admirava por isso. eu não consigo me ver assim, embora eu ache demais essa imagem que ela criou na cabeça dela sobre mim. será que ela é gentil demais ou eu que sou tão dura comigo mesma? tá aí algo que eu reflito há anos e pelo jeito continuarei refletindo.

mas eu sigo aprendendo algumas coisas: que relações acabam, a me perdoar, a ter dúvidas, a ter certezas, a tomar algumas decisões que antes  eu terceirizava (acho que entendi finalmente que eu sou responsável pelas minhas ações (benção e maldição)), a errar, acertar, retomar relações, assumir erros, assumir riscos, aprender coisas novas, gostar do mistério, gostar dos encontros que só o acaso é capaz de proporcionar, sigo aprendendo a perdoar e a me perdoar. tentando não ficar onde não me cabe e onde não me sinto feliz. gosto das trocas e tenho cada dia mais certeza de que a gente não tem controle de praticamente nada (isso é tão bonito e tão desesperador). e gosto de pensar que a vida no fim, é esse palco de acontecimentos: "as coisas acontecem de uma hora pra outra, mesmo que demorem a vida inteira para acontecer".